sábado, 25 de agosto de 2012

Sintonia: “Quebrando o Silêncio”

Todas as sextas-feiras, pontualmente às 20h, a Rádio Dimensão 104,5 FM é comandada por um grupo de adventistas. Mas, na última sexta-feira, 24, eles trocaram os estúdios para apresentar o programa Frequência Novo Tempo ao vivo, direto da Igreja Adventista do Totó, no Recife. Com platéia lotada, o programa saiu da rotina por uma causa nobre: aproximar ainda mais o público da realidade das sequelas deixadas pela violência. A iniciativa surgiu através da mobilização pela campanha Quebrando o Silêncio, realizada há nove anos por adventistas de toda a América do Sul no último fim de semana de agosto.

Esse ano, o tema da campanha é o combate aos traumas da violência. Mulheres, idosos, crianças e adolescentes são os maiores atingidos pela agressão doméstica em todo o mundo – o projeto usa materiais didáticos, de alerta, e orientações profissionais para impactar a sociedade contra o comportamento violento a esses públicos. E dando início à maratona de atividades da campanha no Grande Recife, a Rádio Dimensão promoveu um programa especial de uma hora e meia exclusivamente sobre o tema.

Entre os entrevistados, o pastor Moisés Moacir, líder da Igreja Adventista no território que abrange toda faixa entre os estados de Alagoas ao Piauí; e o pastor Carlos Ferreira, líder da igreja para o litoral e zona da mata de Pernambuco. As coordenadoras do projeto Quebrando o Silêncio - Rosário Costa (de Alagoas ao Piauí), Cláudia Oliveira (Grande Recife e Zona da Mata) e Eliane Xavier (na região de Cavaleiro) - também foram entrevistadas. Para falar abertamente sobre as sequelas da violência, a psicóloga Reviane Bernardo e os pastores da igreja adventista na região também participaram do debate.

Violentados e agressores

“Não podemos fechar os nossos olhos para o que está acontecendo ao nosso redor: mulheres, crianças, idosos sendo violentados. Precisamos dizer ‘basta’!”. As palavras são da professora Cláudia Oliveira, que a frente da campanha no Grande Recife, tem um objetivo maior em mente: “Não basta apenas denunciar, ajudar que violentados tomem a decisão de denunciar. É preciso que, como igreja, tenhamos responsabilidade. Nosso acolhimento e as nossas orações é que vão fazer com que essas pessoas sejam restauradas após os traumas”.

Mas o agredido não foi a única figura lembrada no programa. “Não queremos ver o agressor como um criminoso, mas como alguém que precisa da nossa ajuda. E só conseguiremos isso alertando. Ainda é preciso fortalecer a unidade da família, pois esse é um espaço de paz e amor que fortalece aquilo que foi machucado”, lembrou a professora Rosário. Segundo ela, a Igreja precisa se empenhar não apenas para ajudar os violentados, como também, os agressores, que são igualmente merecedores do perdão e aceitação.

Primeiro passo

A campanha Quebrando o Silêncio foi destacada pelos líderes da igreja como um primeiro passo de uma causa ainda maior. “Quebrar o silêncio não é a solução, e sim, o princípio dessa solução. O trabalho é muito maior. Mas é combatendo a violência que damos o primeiro passo para alcançar pessoas”, comentou o pastor Carlos Ferreira.

Complementando o pensamento de integração da igreja com os aspectos sociais, o pastor Moisés Moacir alertou sobre a urgente necessidade dos adventistas se engajarem em ações como o Quebrando o Silêncio.: “A nossa missão é alcançar pessoas. Dessa forma, faremos com que elas saiam das portas do mundo, e entrem pelos portais da Nova Jerusalém”.
 
REPORTAGEM: Rebbeca Ricarte

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